Saiba quem é Thiago Ávila, brasileiro que estava na flotilha interceptada por Israel
Ativista nasceu em Brasília, tem uma filha com sua atual esposa e integra embarcação que levava mantimentos aos moradores da Faixa de Gaza

O ativista brasileiro Thiago Ávila, natural de Brasília, foi detido por forças navais de Israel na noite deste domingo (8), durante uma missão não oficial que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A embarcação, chamada Madleen, navegava sob bandeira britânica e foi interceptada em águas internacionais, segundo relatos de integrantes da missão. A ação foi organizada pela Freedom Flotilla Coalition e partiu da Sicília no início de junho. A bordo estavam, além de Ávila, a ativista sueca Greta Thunberg, o deputado francês Thomas Portes e representantes da sociedade civil de pelo menos seis países. A carga incluía itens simbólicos, como leite em pó, próteses e material médico — parte de um protesto contra o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007.
Entre os 12 tripulantes havia cidadãos do Brasil, Suécia, França, Alemanha, Turquia e Reino Unido. Segundo mensagens gravadas antes da interceptação, drones e navios israelenses cercaram o Madleen por volta das 2h. A comunicação foi interrompida, e um vídeo divulgado pelo grupo alertava: “Se você está vendo este vídeo, fomos sequestrados em águas internacionais pelas forças de ocupação israelenses”.
Thiago Ávila é membro do comitê diretor da Freedom Flotilla Coalition (FFC), organização internacional que atua em apoio à população de Gaza. Ele também coordena a Flotilha da Liberdade no Brasil. Casado, é pai de uma menina de um ano com sua esposa, Lara, que pediu apoio às autoridades brasileiras e da comunidade internacional para a libertação do marido e dos demais detidos.
Antes de ser interceptado, Ávila publicou um vídeo no Instagram em que aparece usando um keffiyeh (tradicional lenço árabe) e, aparentemente, diante de uma marina. Na gravação, diz: “Se você estiver vendo este vídeo, fui detido ou sequestrado por Israel ou outras forças cúmplices no Mediterrâneo, em nosso caminho rumo a Gaza para romper o bloqueio à ajuda humanitária”. Ele conclui convocando as pessoas a pressionarem os governos pela libertação dos ativistas, rompimento de relações com Israel e fim do bloqueio à Faixa de Gaza.
Greta Thunberg também publicou vídeos semelhantes, incluindo registros dos últimos momentos antes da abordagem da marinha israelense. Israel confirmou a operação e informou que os passageiros estão em segurança e serão deportados. O governo israelense classificou a missão como “provocação midiática” e acusou os participantes de apoiar o Hamas. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que os ativistas “simpatizam com uma organização terrorista”.
Por outro lado, os organizadores da missão consideraram a interceptação ilegal e acusaram Israel de “pirataria em alto-mar”. O episódio reacendeu críticas internacionais ao bloqueio israelense à Faixa de Gaza, intensificado após os ataques de outubro de 2023. A repercussão foi imediata. A Turquia condenou a ação, a Espanha convocou o embaixador israelense em Madri e a União Europeia acompanha o caso.
O Itamaraty, em nota à imprensa, exigiu a libertação imediata do brasileiro e dos demais detidos. O governo brasileiro afirmou que a detenção “viola o princípio da navegação em águas internacionais” e pediu que Israel “remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino”. A embarcação Madleen permanece sob custódia das forças israelenses em um porto próximo a Ashdod, ao norte de Gaza.
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